A força do peso mexicano

Comentário Semanal
quarta-feira, 25 % janeiro, 2023

A força do peso mexicanoEm um cenário de rápido aumento das taxas de juros nos EUA e crescentes temores de recessão, a maioria das moedas enfraqueceu significativamente em relação ao dólar americano em 2022. No entanto, o peso mexicano foi um dos que subverteu essa ordem, valorizando 5% em 2022, e agora cotado abaixo de 19 por dólar, um nível não visto desde fevereiro de 2020, com um ganho de 3,6% até agora neste ano.

O que pode explicar essa valorização? O peso esteve altamente exposto ao sentimento de risco global e às condições de liquidez em 2022, mas, segundo vários analistas, existem mais quatro fatores comportamentais que compensam essa realidade. À medida que 2023 começa, se espera que esses fatores continuem sendo uma importante fonte de suporte para o peso, principalmente durante o primeiro semestre do ano.

  1. Diferenciais de taxas de juros: Banxico começou a subir a taxa de referência desde junho de 2021 com o objetivo de amortecer o impacto da subida de taxa pelo Fed. Após uma subida de 650 bps (6,5 pp), é esperado que o banco esteja próximo do fim do ciclo de aumentos, no entanto, se espera que o diferencial entre taxas se mantenha.
  2. Impacto positivo de uma economia americana relativamente resiliente: A força da economia dos EUA em 2022 aumentou a demanda por exportações de manufaturados e impulsionou as remessas dos EUA para o México para níveis recordes. A desaceleração do ‘vizinho do Norte’ que esperamos em 2023 deve moderar as remessas e o crescimento das exportações de manufaturados a partir de níveis muito elevados.
  3. Posição fiscal estável e estrutura institucional robusta em relação aos pares: a perspectiva de crédito do México se compara favoravelmente com a maioria de seus pares latino-americanos, dada a postura fiscal do país. O México enfrenta vários desafios fiscais de médio prazo, embora esses provavelmente estejam na mente dos investidores este ano, já que suas contas fiscais permanecem fortes em relação à maioria dos países emergentes. 
  4. Narrativa construtiva de realocação industrial, ‘nearshoring’: o México está se beneficiando do nearshoring, pois as empresas americanas tentam trazer a produção para mais perto de casa. De acordo com estimativas do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o México poderia gerar US$ 35 bilhões por ano em receita adicional com exportações de mercadorias por meio do nearshoring nos próximos anos. Embora possa ser muito cedo para avaliar o impacto desse fenômeno no crescimento de longo prazo do México, acreditamos que ele oferece uma narrativa positiva na mente dos investidores.

Quanto aos riscos que temos pela frente, se destacam as possíveis consequências de uma disputa comercial com os Estados Unidos e o Canadá, no contexto de supostas violações do USMCA em matéria energética, que devem ser monitoradas. Além disso, uma deterioração na confiança dos investidores diante de uma recessão maior do que a esperada nos Estados Unidos poderia prejudicar significativamente a economia mexicana.